quarta-feira, 13 de julho de 2011

Meu filho, você não merece nada

Meu filho, você não merece nada
A crença de que a felicidade é um direito tem tornado despreparada a geração mais preparada
Eliane Brum
   Divulgação
ELIANE BRUM
Jornalista, escritora e documentarista. Ganhou mais de 40 prêmios nacionais e internacionais de reportagem. É autora de Coluna Prestes – O Avesso da Lenda (Artes e Ofícios), A Vida Que Ninguém Vê (Arquipélago Editorial, Prêmio Jabuti 2007) e O Olho da Rua (Globo).
E-mail: elianebrum@uol.com.br Twitter: @brumelianebrum
Ao conviver com os bem mais jovens, com aqueles que se tornaram adultos há pouco e com aqueles que estão tateando para virar gente grande, percebo que estamos diante da geração mais preparada – e, ao mesmo tempo, da mais despreparada. Preparada do ponto de vista das habilidades, despreparada porque não sabe lidar com frustrações. Preparada porque é capaz de usar as ferramentas da tecnologia, despreparada porque despreza o esforço. Preparada porque conhece o mundo em viagens protegidas, despreparada porque desconhece a fragilidade da matéria da vida. E por tudo isso sofre, sofre muito, porque foi ensinada a acreditar que nasceu com o patrimônio da felicidade. E não foi ensinada a criar a partir da dor.

Há uma geração de classe média que estudou em bons colégios, é fluente em outras línguas, viajou para o exterior e teve acesso à cultura e à tecnologia. Uma geração que teve muito mais do que seus pais. Ao mesmo tempo, cresceu com a ilusão de que a vida é fácil. Ou que já nascem prontos – bastaria apenas que o mundo reconhecesse a sua genialidade.

Tenho me deparado com jovens que esperam ter no mercado de trabalho uma continuação de suas casas – onde o chefe seria um pai ou uma mãe complacente, que tudo concede. Foram ensinados a pensar que merecem, seja lá o que for que queiram. E quando isso não acontece – porque obviamente não acontece – sentem-se traídos, revoltam-se com a “injustiça” e boa parte se emburra e desiste.

Como esses estreantes na vida adulta foram crianças e adolescentes que ganharam tudo, sem ter de lutar por quase nada de relevante, desconhecem que a vida é construção – e para conquistar um espaço no mundo é preciso ralar muito. Com ética e honestidade – e não a cotoveladas ou aos gritos. Como seus pais não conseguiram dizer, é o mundo que anuncia a eles uma nova não lá muito animadora: viver é para os insistentes.

Por que boa parte dessa nova geração é assim? Penso que este é um questionamento importante para quem está educando uma criança ou um adolescente hoje. Nossa época tem sido marcada pela ilusão de que a felicidade é uma espécie de direito. E tenho testemunhado a angústia de muitos pais para garantir que os filhos sejam “felizes”. Pais que fazem malabarismos para dar tudo aos filhos e protegê-los de todos os perrengues – sem esperar nenhuma responsabilização nem reciprocidade.

É como se os filhos nascessem e imediatamente os pais já se tornassem devedores. Para estes, frustrar os filhos é sinônimo de fracasso pessoal. Mas é possível uma vida sem frustrações? Não é importante que os filhos compreendam como parte do processo educativo duas premissas básicas do viver, a frustração e o esforço? Ou a falta e a busca, duas faces de um mesmo movimento? Existe alguém que viva sem se confrontar dia após dia com os limites tanto de sua condição humana como de suas capacidades individuais?

Nossa classe média parece desprezar o esforço. Prefere a genialidade. O valor está no dom, naquilo que já nasce pronto. Dizer que “fulano é esforçado” é quase uma ofensa. Ter de dar duro para conquistar algo parece já vir assinalado com o carimbo de perdedor. Bacana é o cara que não estudou, passou a noite na balada e foi aprovado no vestibular de Medicina. Este atesta a excelência dos genes de seus pais. Esforçar-se é, no máximo, coisa para os filhos da classe C, que ainda precisam assegurar seu lugar no país.

Da mesma forma que supostamente seria possível construir um lugar sem esforço, existe a crença não menos fantasiosa de que é possível viver sem sofrer. De que as dores inerentes a toda vida são uma anomalia e, como percebo em muitos jovens, uma espécie de traição ao futuro que deveria estar garantido. Pais e filhos têm pagado caro pela crença de que a felicidade é um direito. E a frustração um fracasso. Talvez aí esteja uma pista para compreender a geração do “eu mereço”.

Basta andar por esse mundo para testemunhar o rosto de espanto e de mágoa de jovens ao descobrir que a vida não é como os pais tinham lhes prometido. Expressão que logo muda para o emburramento. E o pior é que sofrem terrivelmente. Porque possuem muitas habilidades e ferramentas, mas não têm o menor preparo para lidar com a dor e as decepções. Nem imaginam que viver é também ter de aceitar limitações – e que ninguém, por mais brilhante que seja, consegue tudo o que quer.

A questão, como poderia formular o filósofo Garrincha, é: “Estes pais e estes filhos combinaram com a vida que seria fácil”? É no passar dos dias que a conta não fecha e o projeto construído sobre fumaça desaparece deixando nenhum chão. Ninguém descobre que viver é complicado quando cresce ou deveria crescer – este momento é apenas quando a condição humana, frágil e falha, começa a se explicitar no confronto com os muros da realidade. Desde sempre sofremos. E mais vamos sofrer se não temos espaço nem mesmo para falar da tristeza e da confusão.

Me parece que é isso que tem acontecido em muitas famílias por aí: se a felicidade é um imperativo, o item principal do pacote completo que os pais supostamente teriam de garantir aos filhos para serem considerados bem sucedidos, como falar de dor, de medo e da sensação de se sentir desencaixado? Não há espaço para nada que seja da vida, que pertença aos espasmos de crescer duvidando de seu lugar no mundo, porque isso seria um reconhecimento da falência do projeto familiar construído sobre a ilusão da felicidade e da completude.

Quando o que não pode ser dito vira sintoma – já que ninguém está disposto a escutar, porque escutar significaria rever escolhas e reconhecer equívocos – o mais fácil é calar. E não por acaso se cala com medicamentos e cada vez mais cedo o desconforto de crianças que não se comportam segundo o manual. Assim, a família pode tocar o cotidiano sem que ninguém precise olhar de verdade para ninguém dentro de casa.

Se os filhos têm o direito de ser felizes simplesmente porque existem – e aos pais caberia garantir esse direito – que tipo de relação pais e filhos podem ter? Como seria possível estabelecer um vínculo genuíno se o sofrimento, o medo e as dúvidas estão previamente fora dele? Se a relação está construída sobre uma ilusão, só é possível fingir.

Aos filhos cabe fingir felicidade – e, como não conseguem, passam a exigir cada vez mais de tudo, especialmente coisas materiais, já que estas são as mais fáceis de alcançar – e aos pais cabe fingir ter a possibilidade de garantir a felicidade, o que sabem intimamente que é uma mentira porque a sentem na própria pele dia após dia. É pelos objetos de consumo que a novela familiar tem se desenrolado, onde os pais fazem de conta que dão o que ninguém pode dar, e os filhos simulam receber o que só eles podem buscar. E por isso logo é preciso criar uma nova demanda para manter o jogo funcionando.

O resultado disso é pais e filhos angustiados, que vão conviver uma vida inteira, mas se desconhecem. E, portanto, estão perdendo uma grande chance. Todos sofrem muito nesse teatro de desencontros anunciados. E mais sofrem porque precisam fingir que existe uma vida em que se pode tudo. E acreditar que se pode tudo é o atalho mais rápido para alcançar não a frustração que move, mas aquela que paralisa.

Quando converso com esses jovens no parapeito da vida adulta, com suas imensas possibilidades e riscos tão grandiosos quanto, percebo que precisam muito de realidade. Com tudo o que a realidade é. Sim, assumir a narrativa da própria vida é para quem tem coragem. Não é complicado porque você vai ter competidores com habilidades iguais ou superiores a sua, mas porque se tornar aquilo que se é, buscar a própria voz, é escolher um percurso pontilhado de desvios e sem nenhuma certeza de chegada. É viver com dúvidas e ter de responder pelas próprias escolhas. Mas é nesse movimento que a gente vira gente grande.

Seria muito bacana que os pais de hoje entendessem que tão importante quanto uma boa escola ou um curso de línguas ou um Ipad é dizer de vez em quando: “Te vira, meu filho. Você sempre poderá contar comigo, mas essa briga é tua”. Assim como sentar para jantar e falar da vida como ela é: “Olha, meu dia foi difícil” ou “Estou com dúvidas, estou com medo, estou confuso” ou “Não sei o que fazer, mas estou tentando descobrir”. Porque fingir que está tudo bem e que tudo pode significa dizer ao seu filho que você não confia nele nem o respeita, já que o trata como um imbecil, incapaz de compreender a matéria da existência. É tão ruim quanto ligar a TV em volume alto o suficiente para que nada que ameace o frágil equilíbrio doméstico possa ser dito.

Agora, se os pais mentiram que a felicidade é um direito e seu filho merece tudo simplesmente por existir, paciência. De nada vai adiantar choramingar ou emburrar ao descobrir que vai ter de conquistar seu espaço no mundo sem nenhuma garantia. O melhor a fazer é ter a coragem de escolher. Seja a escolha de lutar pelo seu desejo – ou para descobri-lo –, seja a de abrir mão dele. E não culpar ninguém porque eventualmente não deu certo, porque com certeza vai dar errado muitas vezes. Ou transferir para o outro a responsabilidade pela sua desistência.

Crescer é compreender que o fato de a vida ser falta não a torna menor. Sim, a vida é insuficiente. Mas é o que temos. E é melhor não perder tempo se sentindo injustiçado porque um dia ela acaba.

domingo, 1 de maio de 2011

Fio de Cabelo

 
Fio de cabelo

 Uma mulher acordou uma manhã após a quimioterapia , olhou no espelho e percebeu  que tinha somente três fios de cabelo na cabeça. 
- Bom (ela disse), acho que vou trançar meus cabelos hoje.
Assim ela fez e teve um dia maravilhoso.
No dia seguinte ela acordou, olhou no espelho e viu que tinha somente dois fios de cabelo na cabeça..
- Hummm (ela disse), acho que vou repartir meu cabelo no meio hoje.
Assim ela fez e teve um dia magnífico.
No dia seguinte ela acordou, olhou no espelho e percebeu que tinha apenas um fio de cabelo na cabeça.
- Bem (ela disse), hoje vou amarrar meu cabelo como um rabo de cavalo.
Assim ela fez e teve um dia divertido.
No dia seguinte ela acordou, olhou no espelho e percebeu que não havia um único fio de cabelo na cabeça.
- Yeeesss... (ela exclamou), hoje não tenho que pentear meu cabelo.
ATITUDE É TUDO!
Seja mais humano e agradável com as pessoas.
Cada uma das pessoas com quem você convive está travando algum tipo de batalha.
Viva com simplicidade.
Ame generosamente.
Cuide-se intensamente.
Fale com gentileza.
E, principalmente, não reclame.
Se preocupe em agradecer pelo que você é, e por tudo o que tem!
E deixe o restante com Deus.


segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Os Dez Mandamentos





Os Dez Mandamentos

Paulo da Silva Neto Sobrinho

Introdução

Sem nos deixar levar pelo fanatismo cego, que infelizmente atinge a muitos, entendemos que na Bíblia ao lado das ordenações divinas, Moisés ditou várias outras leis, umas de cunho estritamente social, enquanto outras estavam relacionadas aos rituais religiosos, mas que, para ficarem investidas de uma maior autoridade, ele deixava-as passar como tendo sido provindas do próprio Deus.



Neste estudo que ora estamos fazendo, iremos analisar todos os Dez Mandamentos e demonstraremos que até neles existe algo que não podemos em sã consciência atribuir como promanando da divindade.



Um problema que deparamos é realmente saber qual dos Dez Mandamentos estão de acordo com a Bíblia, visto a divergência que existe sobre eles entre as correntes religiosas. Por isso, iremos recorrer aos textos que constam da Bíblia para saber exatamente como eles se encontram narrados no capítulo 20 de Êxodo, versículos 2 a 13 (são repetidos em Deuteronômio 5, 6-21).



Entretanto, e para nossa maior surpresa, não é da forma que se encontram nas passagens bíblicas que as correntes religiosas no-los passam. Nota-se claramente que, em alguns casos, não são nem os mesmos termos que constam da Bíblia, apesar de sempre afirmarem que não devemos mudar em nada os Textos Sagrados. Podem alegar em sua própria defesa que o sentido é o que dizem, entretanto, podemos também argumentar que quando citamos os Dez Mandamentos devemos enumerá-los tais e quais os textos da Bíblia, já que não se trata de interpretação, mas apenas de uma citação literal.



Devemos ter em mente que um mandamento, para ser divino, deverá atender a pelo menos três requisitos básicos, quais sejam:



Atemporal; que pode ser aplicado em todos os tempos, visto ser imutável;

Universal; aplicação indistinta a todos os povos;

Imparcial; atingir a todos da mesma maneira.

Assim, uma determinada lei que possa ir contra qualquer um desses requisitos, não será nunca uma lei proveniente de Deus, mas apenas leis feitas pelas “mãos” dos homens.



1º - Amar a Deus sobre todas as coisas.

Em Êxodo 20, 2-3: Eu sou o Senhor teu Deus, que te libertou do Egito, do antro de escravidão. Não terás outros deuses além de mim.



É, sem dúvida alguma, uma Lei Divina, pois nós, seres humanos, sendo criados por Deus, devemo-Lhe por gratidão todo o nosso amor. Essa Lei foi confirmada por Jesus, como o primeiro mandamento a ser cumprido.



Só existimos por ato de sua vontade e amor.



E, pela ordem do Universo, não podemos admitir vários deuses, devemos somente a Ele adorar.



2º - Não fazer imagens para adoração

Em Êxodo 20, 4-5: Não farás para ti ídolos, nem figura alguma do que existe em cima, nos céus, nem embaixo, na terra, nem do que existe nas águas, debaixo da terra. Não te prostrarás diante deles, nem lhes prestarás culto, pois eu sou o Senhor teu Deus, um Deus ciumento. Castigo a culpa dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração dos que me odeiam, mas uso de misericórdia por mil gerações para com os que me amam e guardam meus mandamentos.



Percebe-se, claramente, que nem todas as correntes religiosas têm isso como integrante dos Mandamentos, já que necessitam justificar os “ídolos” (imagens) a que prestam culto, embora queiram dar outro nome para esse tipo de “adoração”.



E, assim, a questão das imagens, colocada no versículo 4, acabou tornando-se um motivo de controvérsia religiosa, entre aqueles que veneram imagens e os que, apoiados nesse versículo, não admitem de forma alguma tal veneração. Inclusive, há pouco tempo atrás, num canal de TV, assistimos, constrangidos, a um determinado líder religioso, numa atitude que demonstra uma completa falta de respeito e caridade cristã, chutando uma imagem religiosa. Perguntamos se Jesus, a quem dizem seguir, fez algo semelhante?



Respeitamos todos os pensamentos, mas a nosso ver, o Deus do Universo nunca se preocuparia com uma coisa insignificante dessa. Achamos que o homem tem para si que Deus é apenas o Deus da Terra e não de um Universo infinito. Se, por um momento pararmos para analisar a nossa ignorância a respeito do Criador do Universo, talvez não iríamos pensar que Ele iria ter uma atitude tão mesquinha dessa. Ao contemplar o céu numa noite bem estrelada, diante dos bilhões de astros, fora os que não se encontram no nosso campo de percepção, ficaremos deslumbrados diante da extrema grandeza do Universo, e só após isso, é que podemos mensurar sobre quem é o autor disso tudo. Aí, sim, é que teremos uma tênue idéia da grandeza do autor. E, depois disso, pensarmos que Ele estaria preocupado com imagens seria pura infantilidade.



Entretanto, cremos que, tudo isso tenha um motivo determinado. Ora, Moisés querendo impor ao povo hebreu a idéia de um Deus único, necessitava afastar daquele povo tudo o que poderia causar algum tipo de embaraço a tal idéia, e assim, não teve outra alternativa, a não ser proibir a adoração das imagens, já que isso era coisa muito comum naquela época, pois quase todos os deuses eram representados por ídolos, para que o povo pudesse adorá-los. Devemos entender que não tinham evolução espiritual suficiente para adorarem um Deus invisível.



Se admitirmos que isso seja realmente uma ordem divina, estaremos admitindo que Deus é incoerente já que em outras oportunidades manda exatamente que se façam imagens, senão vejamos:



1 - Êxodo 25, 18-19: “Farás dois querubins de ouro polido, nas duas extremidades do propiciatório; um de um lado e outro do outro lado, de modo que os querubins estejam nos dois extremos do propiciatório”.



Se formos consultar o “Aurélio” encontraremos que querubim é um ser da classe dos anjos, entretanto, à época da narrativa bíblica, o seu significado consistia de nada mais, nada menos, que um ser da mitologia babilônica, metade homem e metade animal. Era, portanto, um ser misto, representado com rosto humano e corpo de leão ou touro ou outros quadrúpedes com asas, vindo a ser, portanto, uma espécie de esfinge.



Assim, fica também configurado um absurdo: que Deus contrariando sua determinação anterior, tenha mandado fazer dois querubins, seres da mitologia babilônica, e, não bastasse isso, tinha que ser de ouro puro.



2 - Números 21, 8-9: “O Senhor lhe respondeu: ‘Faze uma serpente venenosa e coloca-a sobre um poste. Quem for mordido e olhar para ela, ficará curado’. Moisés fez uma serpente de bronze e a colocou sobre um poste. Quando alguém era mordido por uma serpente, olhava para a serpente de bronze e ficava curado”.



Sabemos que a serpente na Antigüidade, era o símbolo da divindade de cura. Assim, mais uma vez, Deus, o contrário ao que havia dito antes, manda fazer uma imagem. E, para piorar ainda mais as coisas, essa imagem era o símbolo de uma divindade de cura. Talvez seja por isso que a medicina tenha tomado para seu símbolo duas serpentes envoltas num poste. E,a respeito dessa serpente de bronze que Moisés colocou num poste, o povo acabou por fazer dela um ídolo e por a adorar por 700 anos.



E quanto ao versículo 5º, onde se diz que Deus castiga a culpa dos pais nos filhos até à terceira ou quarta geração, é mais um outro absurdo. Uma vez que disso somos forçados a supor que Deus não seja tão justo quanto o ser humano, já que nossa justiça jamais admite que a culpa passe além de quem cometeu o delito. Mas por outro lado, também, se torna incoerente com essa outra determinação divina contida em Deuteronômio 24, 16: “Os pais não serão mortos pela culpa dos filhos, nem os filhos pela culpa dos pais: cada um será morto por seu próprio pecado”.



Somente por estas duas passagens já podemos questionar a tal de “inerrância” da Bíblia, como querem alguns fanáticos cegos, que se apegam só aos textos que lhes convêm, e passando a passos largos sobre os que não lhes interessam.



Mas, talvez digam que são apenas duas passagens. Como, pois, ser tão radical neste ponto? Entretanto, no conceito que temos de Deus, não podemos supô-Lo mutável ou contraditório em qualquer uma das suas determinações, uma mínima que seja, já que isso não se coaduna com a perfeição absoluta. E, além do mais, essas duas estão entre várias outras que numa análise desapaixonada podemos encontrar na Bíblia.



3º – Não tomar seu santo nome em vão.

Em Êxodo 20, 6: Não pronunciarás o nome do Senhor teu Deus em vão, porque o Senhor não deixará impune quem pronunciar seu nome em vão.



Embora devemos ter todo o respeito ao nome de Deus, ficamos a pensar se realmente isso poderia ser uma ordem divina ou se seria fruto do pensamento cultural da época.



Lemos em Êxodo 3, 15: “Deus disse ainda a Moisés: ‘Assim falarás aos israelitas: é Javé, o Deus de vossos pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacó, que me envia junto de vós. – Este é o meu nome para sempre, e é assim que me chamarão de geração em geração’”. Diante disso, perguntamos: Se Deus diz que seu nome é Javé, e que seria assim que deveríamos chamá-Lo, por que motivo nós não o chamamos pelo seu nome? Ou as determinações divinas fora dos Dez Mandamentos não devem ser cumpridas?



4º – Guardar o dia de sábado

Em Êxodo 20, 7:Lembra-te de santificar o dia do sábado. Trabalharás durante seis dias e farás todos os trabalhos, mas o sétimo dia é sábado dedicado ao Senhor teu Deus. Não farás trabalho algum, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem teu escravo, nem tua escrava, nem teu gado, nem o estrangeiro que vive em tuas cidades. Pois em seis dias o Senhor fez o céu e a terra, o mar e tudo que neles há, mas no sétimo dia descansou. Por isso o Senhor abençoou o dia do sábado e o santificou.



Ora, é comum vermos este Mandamento da seguinte forma: Guardar os domingos e festas. Vejam que além de mudarem as determinações divinas (sábado para domingo), acrescentam coisas que nem estavam lá, como é o caso das festas.



Aqui é necessário buscarmos o sentido da letra, para podermos entender esse Mandamento. Existe uma necessidade fisiológica, tanto no homem quanto nos animais, que é o descanso, de vital importância para se recomporem suas energias, caso contrário, poderão morrer de esgotamento.



A inspiração divina foi captada com certeza. Entretanto, as palavras utilizadas para registrarem-na podem não trazer o sentido exato dela, pois correspondem à evolução cultural e espiritual de quem a recebeu.



Para o homem além da necessidade física, podemos também perceber uma outra de natureza religiosa, ou seja, a importância de se reservar um dia para que as pessoas pudessem se dedicar às suas atividades religiosas. Sem esse Mandamento, fatalmente iria ocorrer que, além da exploração do trabalhador, haveria grande dificuldade para que uma pessoa viesse a se aprimorar espiritualmente, já que lhe faltaria tempo para se dedicar a isso.



5º – Honrar pai e mãe.

Êxodo 20, 8: Honra a teu pai e a tua mãe, para que vivas longos anos na terra que o Senhor teu Deus te dá.



Podemos notar a importância desse Mandamento na recompensa prometida para quem o cumprir. Os judeus imaginavam que uma vida longa aqui na Terra era sinônimo de estar nas graças de Deus, pois nada sabiam ou compreendiam da realidade espiritual. Como só aceitavam a vida física, nada mais lógico para eles que viver muito tempo, o que lhes significava um prêmio. Podemos perceber isso, claramente, na Bíblia, quando em suas narrativas encontramos pessoas tendo um longo período de vida. Temos, por exemplo, os que viveram: 840 anos, 810 anos, 895 anos, 962 anos e 979 anos, o que, se entendermos na literalidade, iria contrariar o que consta de Gêneses 6, 3: “E o Senhor disse: Meu Espírito não ficará para sempre no homem, porque ele é apenas carne. Não viverá mais do que 120 anos”.



Sabemos também, que mesmo se não fosse uma Lei Divina, é nosso dever honrar aos nossos pais, já que são eles que nos proporcionam essa nova reencarnação, ao procriarem o nosso corpo físico. Vemos, neles, co-criadores, que “entregam” a Deus um novo corpo físico para que um espírito venha a ter uma nova oportunidade de crescimento e aprendizado, pela porta da reencarnação.



A eles devemos a nossa educação, principalmente a moral, e, se não puderam dar mais deles para nós, é porque, muitas vezes, nós espíritos rebeldes, não lhes damos ouvidos. Tudo que fazem a nosso favor, o fazem por amor. Quantas vezes, nos revoltamos contra eles, quando éramos adolescentes, mas, ao nos tornarmos maduros, não somente sermos adultos, compreendemos que tudo o que nos fizeram não faltou o ingrediente do amor. Se voltarmos no tempo para lembrarmos as vezes que passaram noites inteiras sem dormir, preocupados com nosso estado de saúde, quando até mesmo uma simples gripe, para eles, era motivo de preocupações, dar-lhes-íamos mais respeito e mais valor. Quanto é significativo o carinho com que nossa mãe nos carregou no colo, oferecendo seu peito para que sugássemos o leite materno de importância vital para o nosso desenvolvimento físico e até mesmo emocional. São tantas coisas que devemos aos nossos pais, que seremos totalmente ingratos, se não tivermos para com eles todo o respeito que merecem.



6º – Não matar.

Em Êxodo 20, 9: Não matarás.



É exatamente neste mandamento que podemos confirmar que Moisés, ao lado das Leis Divinas, colocou várias outras. Mas, para dar maior valor a elas de maneira que o povo as seguissem cegamente utilizou, para isso, da estratégia de dizer que eram provenientes de Deus. Não podemos condená-lo por isso, pois não havia outro meio de moralizar um povo bruto e ignorante, como o de sua época.



Vejamos então, algumas citações bíblicas para confirmar isso. Recorremos ao capítulo 21 de Êxodo:



12. Quem ferir mortalmente um homem, será punido de morte.



15. Quem ferir o pai ou mãe, será punido de morte.



16. Quem seqüestrar uma pessoa, quer a tenha vendido, ou ainda se encontre em seu poder, será punido de morte.



17. Quem amaldiçoar o pai ou a mãe, será punido de morte.



E em Êxodo 22, encontramos mais ainda:



17. Não deixarás com vida uma feiticeira.



18. Quem tiver relações com um animal, será punido de morte.



19. Quem oferecer sacrifícios aos deuses, e não unicamente ao Senhor, será condenado ao extermínio.



Bom, só por aí já podemos verificar que, se tudo isso for realmente Mandamento Divino, onde fica o “Não matarás”? Seria, podemos admitir, Deus agindo com incoerência, o que a nosso ver, repetimos, é inegavelmente um absurdo.



Quem sabe se a vergonhosa Santa Inquisição, que de Santa não tinha nada, não tenha se baseado nisso para levar à fogueira os hereges e as feiticeiras?



Mas, para uma compreensão mais racional da Bíblia, devemos levar em conta os fatores culturais relativos ao povo e a época do acontecimento. Assim, considerando que a legislação de Moisés foi ditada, quando o povo hebreu se encontrava no deserto, e não os esqueçamos que nele permaneceram por 40 anos, fica fácil entendermos que, como não havia construções em alvenaria, para se colocar nelas, em reclusão, os criminosos e, nessa circunstância, não havia como ficarem pessoas apenas vigiando-os, era mais cômodo, quem sabe até mesmo recomendável, que a morte fosse a pena para todos os crimes, não é mesmo?



Entretanto, admitir que tais leis venham de Deus é que não seria racional e lógico.



7º – Não adulterarás.

Em Êxodo 20, 10: Não cometerás adultério.



Esse Mandamento, algumas vezes, o encontramo-lo da seguinte forma: “Não pecar contra a castidade”. Ora, castidade não tem o mesmo significado que adultério. Sendo a castidade definida como abstinência total dos prazeres sexuais. E pergunto se as pessoas casadas estariam infringindo tal lei? Ou não seria uma lei para, de certa forma, justificar o celibato?



O significado de adulterar: 1. Falsificar, contrafazer: 2. Corromper, viciar, deturpar, deformar. 3. Mudar, alterar, modificar, podendo ainda corresponder a cometer adultério, ou seja, infidelidade conjugal.



Antigamente, poderiam vê-lo somente quanto à questão da infidelidade conjugal, visto o machismo do povo hebreu. Mas, modernamente, poderemos compreendê-lo também com um significado mais amplo, e o próprio Jesus o utilizou dessa maneira (Marcos 16, 4: Uma geração má e adúltera pede um sinal, e nenhum sinal lhe será dado, senão o sinal do profeta Jonas.). Quando apresentaram a Ele a adúltera, pedindo-Lhe a opinião sobre o que deveriam fazer a ela, sabiam que pela Lei Mosaica ela deveria ser apedrejada. Entretanto, por que nada disseram sobre o adúltero, quando se sabe que não poderia uma mulher cometer adultério sozinha? Isso, sem dúvida, reflete também a cultura da sociedade machista da época



8º – Não furtar.

Êxodo 20, 11: Não furtarás.



A questão de se apropriar indevidamente do que não nos pertence faz parte do respeito que devemos ter para com nosso próximo. Por outro lado, isso sanciona o direito que cada um tem de possuir alguma coisa, desde que a obtenha por vias legais e éticas.



Entretanto, cabe à sociedade como um todo a incumbência de levar a todos os seus membros o ensino público, onde também os valores da ética e da moral deverão fazer parte do programa de aprendizado do aluno. Falindo nesse aspecto, a conseqüência é inevitável, já que indivíduos sem esses valores acabam por se tornarem em delinqüentes de todas as espécies.



9º – Não levantar falso testemunho.

Em Êxodo 20, 12: Não levantarás falso testemunho contra o próximo.



Fundado principalmente numa questão de justiça, é inegável que se trata de um preceito natural, portanto, divino.



Um pouco atrás, falamos do período da Inquisição, e sabemos que durante ela esse Mandamento não era tido como divino, já que não faziam a menor questão de aplicá-lo.



10º - Não desejar a mulher do próximo nem cobiçar nenhum de seus bens.

Em Êxodo 20, 13: Não cobiçarás a casa do próximo, nem a mulher do próximo, nem o escravo, nem a escrava, nem o boi, nem o jumento, nem coisa alguma do que lhe pertence.



É comum vermos esse Mandamento desmembrado em dois: Um como o nono mandamento: Não desejar a mulher do próximo e o outro, como décimo: Não cobiçar as coisas alheias.



Falamos um pouco atrás que as determinações de Deus devem ser atemporais, universais e imparciais. Se formos fazer uma análise do texto bíblico, utilizando desses critérios, chegaremos à conclusão que este não passa por esse crivo.



A sociedade machista em que se constituía o povo hebreu é a única coisa que encontramos para justificar a questão de “não cobiçar a mulher do próximo”. Veja que seria um absurdo admitir que a mulher do próximo poderia desejar o marido da outra, já que isso não está explicitamente proibido. E o que não é proibido é permitido. Mas, se bem analisarmos a questão, o desejar a mulher do próximo ou o marido da próxima, ela já estaria no contexto do “não adulterarás”, assim ficaríamos com duas ordens divinas para a mesma situação. Voltando ao que já dissemos anteriormente, devemos entender os fatores culturais da época. Assim, podemos perceber que o que se encontra listado nessa passagem reflete apenas o que, para época, era de suma importância para aquele povo. Veja, por exemplo a questão do escravo. Qual o sentido de sua aplicação nos dias de hoje? Poderemos cobiçar a “Mercedes” do próximo? O jumento era um meio de transporte muito utilizado na época, entretanto, hoje utilizamos o carro, como ficaria, pois, a aplicação literal desse Mandamento?



Quanto à questão da mulher, ela era tida como propriedade do homem, talvez, assim considerada, por causa da narrativa bíblica de sua criação. Já que, pela Bíblia, Deus criou o homem primeiro, para só depois resolver dar-lhe uma companheira. Mas, ao invés de criá-la também do barro, donde veio o homem, como consta da Bíblia, toma-a da costela do homem. O significado disso tudo realça que a mulher não tinha valor algum, e até para ser criada, foi dependente do homem. E será que isso foi orientado por Deus, ou Ele, também, era ainda muito atrasado, como o era a Humanidade daquele época? É óbvio que tudo isso tem muito a ver com o homem, e não com a Inspiração Divina, pois Deus é imutável, sendo sempre o mesmo, ontem, hoje e sempre.



Outra conclusão interessante desse machismo hebreu daquela época vamos encontrar em dois castigos para a mulher (Eva), registrados em Gêneses 3, 16: “...e o teu desejo será para o teu marido”, e “...e ele te dominará”. É desnecessário qualquer outro comentário.



Os Dez Mandamentos na codificação.

Kardec, pergunta aos Espíritos superiores, conforme consta do Livro dos Espíritos (LE):



Perg. 614 – Que se deve entender por Lei Natural?



R – A Lei Natural é a Lei de Deus é a única verdadeira para a felicidade do homem. Ela lhe indica o que deve fazer e o que não deve fazer, e ele não é infeliz senão quando se afasta dela.



Perg. 615 – A Lei de Deus é eterna?



R – Ela é eterna e imutável quanto o próprio Deus.



Perg. 621 – Onde está escrita a Lei de Deus?



R – Na consciência.



No desenvolvimento das Leis Naturais (Leis Divinas), vemos uma certa correspondência com os Dez Mandamentos. São também em número de dez, quais sejam:



I – De Adoração

É a elevação do pensamento a Deus. Pela oração, a alma se aproxima dele (perg. 649 LE).



II – Do Trabalho

O trabalho é uma Lei Natural, por isso mesmo é uma necessidade e a civilização obriga o homem a trabalhar mais porque aumenta suas necessidades e seus prazeres (Perg. 674 LE).



III – Da Reprodução

Sem ela o mundo corporal pereceria (Perg. 686 LE).



IV – De Conservação

O instinto de conservação é dado a todos os seres vivos, qualquer que seja o grau de sua inteligência. Em uns, ele é puramente maquinal, em outros ele é racional (Perg. 702 LE).



V – De Destruição

É preciso que tudo se destrua para renascer e se regenerar, porque o que chamais destruição não é senão uma transformação que tem por objetivo a renovação e melhoramento dos seres vivos (Perg. 728 LE).



VI – De Sociedade

Deus fez o homem para viver em sociedade. Deus não deu inutilmente ao homem a palavra e todas as outras faculdades necessárias à vida de relação (perg. 766 LE).



VII – Do Progresso

O progresso é lei natural, cuja ação se faz sentir em tudo no Universo, não sendo admissível, por conseguinte, possa o homem frustrá-la ou contrapor-se-lhe.

VIII – De Igualdade

Todos os homens são iguais diante de Deus, todos tendem ao mesmo fim e Deus fez suas Leis para todos (perg. 803).



IX – De Liberdade

O homem é, por natureza, dono de si mesmo, isto é, tem o direito de fazer tudo quanto achar conveniente ou necessário à conservação e ao desenvolvimento de sua vida. Essa liberdade, porém, não é absoluta, e nem poderia sê-lo, pela simples razão de que, convivendo em sociedade, o homem tem o dever de respeitar esse mesmo direito em cada um de seus semelhantes.



X – De Justiça, de Amor e de Caridade

A justiça consiste no respeito aos direitos de cada um. Amai-vos uns aos outros disse Jesus. Caridade é benevolência para com todos, indulgência para com as imperfeições alheias e perdão das ofensas.



Conclusão

Pode alguém ficar escandalizado com algumas coisas que estamos dizendo, entretanto, é bom que se diga que Jesus, de certa forma, modificou os Dez Mandamentos. Fez uma síntese deles, que não há como contestá-los mais. Encontramo-la em Mateus 22, 36-40: “Mestre, qual é o maior mandamento da Lei? Respondeu Jesus: ‘Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo teu espírito. Este é o maior e o primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás teu próximo como a ti mesmo. Nesse dois mandamentos se resumem toda a Lei e os Profetas’”.

Quem ama verdadeiramente seu próximo, não mata, não rouba, não cobiça, enfim, nada faz que seja contra este outro ensinamento de Jesus: Tudo o que quereis que os homens vos façam, fazei-o vós a eles. Acrescentando: Esta é a Lei e os Profetas. (Mateus 7, 12).

Bibliografia:
Bíblia Sagrada, Edição Barsa, 1965.
Bíblia Sagrada, Edição Pastoral, Sociedade Bíblica Católica Internacional e Paulus, 14ª Impressão 1995
O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, IDE, SP, 37ª edição 1987.
Publicado na edição de março de 2002 do Jornal "O Semeador", da FEESP.

O Mal das fofocas e intrigas dentro de um terreiro de Umbanda.



A Umbanda é uma religião livre e aberta a todos, ou seja: livre, pois não se prende a uma doutrina exclusiva e restritiva, permitindo a cada ramificação e a cada terreiro, exercerem a sua própria doutrina e seus próprios fundamentos de acordo com seus guias espirituais; aberta, pois recebe a todos sem preconceito de crença, cor, status social ou econômico, ou preferências sexuais.

As casas de Umbanda estão sempre com suas portas abertas a todos, se motivando pela caridade no ajudar ao próximo e na educação moral e espiritual do ser humano.

O “código moral umbandista” se baseia no respeito às diferenças, no respeito a todas as crenças, e a todas as formas de praticar a religião de Umbanda que existem no mundo. É, no mundo, pois a Umbanda se tornou uma religião não só brasileira, mas que se encontra em vários países, como: EUA, Argentina, Uruguai, França, Suíça, Portugal etc.

Se preconceito, a Umbanda acolhe a todos e a todos tem uma palavra de força, de fé de conforto. Porém, os terreiros não são perfeitos, pois o material de trabalho dos Guias e Orixás somos nós, seres humanos que têm defeitos, manias, maus hábitos, defeitos morais e espirituais que os Guias têm de conviver, e, aos poucos, quando a matéria permite modificações, eles as fazem de bom grado, mas sabendo que nem tudo é passível de mudança. Só tempo é com muita paciência e boa vontade (com uma dose de determinação e aceitação do médium) é que as mudanças podem ocorrer (Umbanda não faz milagres, muito menos, os Guias e Orixás).

Um dos piores defeitos morais coletivos que pode existir dentro de um terreiro é a “fofoca”, e, com ela, as intrigas. Se existem fofocas isso demonstra que também existem inveja, ciúmes, vaidades, soberba ... Ou seja, uma série de maus modos que têm como termômetro a fofoca.

Normalmente o “médium fofoqueiro” não faz essa prática por mal. Ele a faz por um vício que traz de casa, do convívio familiar e que não foi corrigido em tenra idade, e que acaba se tornando um vício que persegue a pessoa dentro da própria família, em suas relações pessoais, no trabalho e, infelizmente, dentro de uma casa espiritual (não só nos terreiros de Umbanda, mas nas casas espirituais em geral: Igrejas, Centros Kardecistas, Terreiros de Candomblé etc).

O “médium fofoqueiro”, muitas vezes, não tem idéia do mal que acaba fazendo, pois se torna compulsivo e involuntário nas palavras (a língua acaba sendo mais rápida do que o pensamento racional e moral). Com isso acaba gerando desconforto dentro do ambiente do terreiro, pois finda no jogo cruel e imoral do “jogar uma pessoa” contra as outra, ou outras; amigos contra amigos, irmãos contra irmãos; Pai/Mãe de Santo contra o ou os filhos; os filhos contra o Pai/Mãe de Santo. Ou seja, gera um caos, onde o “médium fofoqueiro” fica olhando e se divertindo com tudo aquilo, sem dar conta do estrago que está fazendo.

As situações podem chegar a um ponto tal que as próprias “entidades” do “médium fofoqueiro” passam a absorver esse mal, ou o médium passa a ser anímico a tal ponto que suas “entidades” passam a também fazer fofocas, tais como: “tem uma pessoa aqui no terreiro que diz ser sua amiga, mas que vai te passar a perna”; “você deveria tomar cuidado, pois tem gente aqui dentro de olho no(a) seu(ua) homem/mulher”; “o cavalo de fulano fez aquelas obrigações, mas o seu não faz ...”.

Essas situações são terríveis e acabam marcando o próprio médium, e, sem dizer, as suas “entidades”, pois acabam, ele/ela e as entidades, perdendo a credibilidade, a confiança. Nesse ponto, onde antes havia “o veneno pernicioso da fofoca” gerado pelo médium, ele acaba colhendo o próprio fel que plantou. Caindo em desgraça diante dos irmãos e da própria assistência, fazendo com que o Guia chefe da casa ou o próprio sacerdote chefe, acabe tendo que tomar medidas drásticas, como: a suspensão, a bronca pública ou mesmo a expulsão do médium do terreiro.

Porém, como lidar para que as coisas não cheguem a um ponto extremo de ter que expulsar um “médium fofoqueiro” de um Terreiro?

Inicialmente as queixas devem ser levadas ao Guia chefe da casa e/ou ao Sacerdote de comando do Terreiro, para que ele possa avaliar essas queixas. Caso as mesmas sejam pertinentes, o “médium fofoqueiro” deve ser chamado, tendo em vista que a pessoa não faz essa prática por ser ruim, mas porque tem problemas diversos (baixa estima; ciúmes inexplicáveis; é muito possessiva e não aceita dividir ou ter perdas; problemas de relacionamento em casa: marido, pais ou filhos; é uma pessoa, muitas vezes, amarga com a vida e com as pessoas em volta dela, frustrada nos relacionamentos pessoais, nos relacionamentos familiares, no trabalho ou com sua própria aparência etc). Assim deve-se tem muito tato para conversar com o médium para que ele não se sinta perseguido ou constrangido (Normalmente o “médium fofoqueiro” e uma pessoa que se sente perseguida diante de qualquer problema, principalmente dentro daqueles que ela tenha provocado – isso é uma forma de autoproteção ou fuga do problema. Também se sente constrangido por qualquer motivo e diz, gagueijantemente, que não foi ele/ela colocando a culpa em outrem ou em ciúmes e invejas; chora copiosamente ou, em casos de fuga, se deixa receber um kiumba que diz que “vai levar, foi trabalho mandado ou algo do gênero”, fazendo muito estardalhaço e sendo agressivo). No todo a conversa deve ser franca é concentrada no problema colocado e se a pessoa tem idéia do que fez, buscando-se sempre os motivos (coerentes ou não).

O “médium fofoqueiro” deve entender que aquele tipo de prática não pode existir dentro do terreiro, ficando claro que punições são cabíveis a esse tipo de prática, podendo chegar à expulsão. Caso as coisas tenham ido para o lado dos Guias do “médium fofoqueiro”, os mesmos devem ser convocados e chamados à atenção, pois não estão cuidando do “cavalo” devidamente, e, acima de tudo, estão permitindo o animismo e a falsa espiritualidade residirem no médium.

O sacerdote também deve buscar saber o estado espiritual e mental do médium para que ele possa ser tratado e/ou cuidado (se for espiritual no espiritual, o Guia chefe da casa deve ser consultado para ver o que pode ser feito em termos de descarregos, banhos, oferendas e/ou obrigações; se for no material/mental, deve-se indicar um Guia da casa para acompanhar o médium, e, dependendo da gravidade do problema, um psicólogo, terapeuta ou mesmo um psiquiatra, deve ser recomendado).

O “médium fofoqueiro” deve ser sempre monitorado até que os problemas sejam sanados, e o bem estar volte à comunidade como um todo.

O trabalho espiritual é constante e não adianta acreditar que as coisas irão se resolver sozinhas ou pelo Astral Superior. Esse é um pensamento muito comodista, pois as coisas dos homens, em geral, são resolvidas pelos próprios homens ou com apoio e intervenção da espiritualidade através dos Guias. Se as coisas são deixadas de lado por medos vários, elas tendem a crescer a um ponto do insuportável, onde acabamos tomando medidas ou posicionamentos extremos, onde poderíamos ter uma ação mais preventiva ou pró-ativa para evitar ou sanar os problemas.

Etiene Sales – GhostMaster

Sacerdote Umbandistas e pesquisador na área de Ciência das Religiões.



ESPÍRITOS DEMÔNIOS ENCOSTOS MAGIAS





DESPACHOS OU MENTES DESEQUILIBRADAS?

Observamos, no decorrer de anos de trabalhos a fio, nuances preciosos que irão margear bem o que iremos decorrer nessa nossa discussão. Dentro da psiquiatria moderna, iremos encontrar estudos preciosos quanto aos transes religiosos, as visões de espíritos, a crença nas feitiçarias, magias negras, encostos, demônios, etc.

O grande psicanalista suíço, Carl Jung, teorizou que os maus espíritos, ou as figuras aterrorizantes, são imagens gravadas coletivamente na mente humana e foram batizados de arquétipo. Esses arquétipos acompanham a humanidade há milhares de anos.

O diabo é um desses arquétipos, que muitos acreditam incorporar, e representa forças destrutivas dentro da própria pessoa.

Através dessa crença, muitos procuram as religiões para que seja efetuado um “exorcismo”, cuja função seria livrar a pessoa dos maus que a apoquentam, e que esse “exorcismo” puniria o delinqüente que estaria perturbando a pessoa, por mais poderoso que seja.

O apelo ao demônio é forte porque atende a uma grande camada da população que vive imersa na superstição. Em geral, acreditam piamente na força destrutiva da magia negra e das forças ocultas.

O povo acha que o demônio e os espíritos do mal estão por aí, agindo através dos incautos. Jogar a culpa por tudo que há de errado no demônio ou em espíritos do mal é uma solução confortável para quem busca alívio através de cultos religiosos, mas as conseqüências podem ser graves, pois a pessoa sai do culto religioso acreditando que não tem responsabilidade moral pelos erros que comete, e fica convencido de que possui uma personalidade frágil e influenciável.

Tudo isso se aplica também à Umbanda, onde muitos cometem os erros crassos de somente culpar uma pretensa “macumba”, “despacho” ou “mal feito”, encomendado por um desafeto, como fatores conclusivos de suas vidas encontrarem-se em desgraça.

Muitos se entregam ao pensa mento obsessivo e conclusivo de per seguições espirituais ou mesmo “de mandas” diárias em sua vida. Se convencem e geralmente convencem a outros que são perseguidos por hostes infernais, ou mesmo pessoas que lhe querem mal.

Lembre-se que cada um projeta seu próprio inferno. Com o passar do tempo, cada um constrói um inferno competente em suas vidas e passam a vivenciá-lo de forma efetiva, e com isso, através da lei de afinidades, atraem para si legiões de seres que vibram na mesma faixa de pensamento. Com isso, a vida desse infeliz passa a ser um mar de perturbações, demandas, magias negras e por ai afora, e com certeza vão rapidinho culpar alguém por efetuar as tais “macumbinhas” contra ele.

Criam na mente das pessoas, que geralmente são presas fáceis e manipuláveis, que tudo o que ele tem de ruim em sua vida, foi pelo fato de alguém, por olho gordo, inveja, ou ódio, levantou forças ocultas negras pode rosas contra eles, através de matanças de animais, velas pretas, bonequinhos, etc., e que a vida dessas pes soas está no fundo do poço, devido a uma “feitiçaria” encomendada contra elas. Outros ainda se convencem, e convencem as pessoas, que estas são perseguidas por quiumbas, Exús ou Pombas Giras, porque não desenvolveram a sua mediunidade, e que irão entrar para o mundo da perdição enquanto não se livrarem desses encostos. E haja trabalho. E haja dinheiro.

Outra coisa muito corriqueira no meio Umbandista é a crença que tudo de errado que está acontecendo com o “pai de santo” ou com o “terreiro”, é provindo de uma “demanda” encomenda por aqueles que querem destruí-lo. Muitos médiuns e sacerdotes acreditam estarem sendo perseguidos por falanges negras, demônios, quiumbas, Exús e Pombas Gira, que querem transformar suas vidas em miséria.

Vejam bem que a coisa é com plicada, e existe uma crença coletiva de que existe essa perseguição das trevas em suas vidas. Mudaram-se os tempos, mas não mudaram as formas e a perseguição continua.

Até quando iremos nos apegar à superstição desse tipo? Até quando iremos dar atenção às coisas que nos fazem mal?

Existem as forças negras em ação, e isso é patente. Mas o mal foi criado pela mente humana e existe por uma necessidade humana. Deus não criou o bem e o mal. Só o bem é eterno. Não existe essa coisa de luta eterna entre o bem e o mal. Se o mal vence uma situação momentaneamente é porque a pendenga ainda não terminou.

Se alguém, por maldade ou ignorância, nos envia alguma carga negativa e ativa forças negativas poderosas contra nós, só vai dar resultado se nós estivermos na mesma faixa vibratória dessa maldade, ou seja, se estivermos em discordância com as forças positivas reinantes no universo.

Deus não é injusto com ninguém. Ele a tudo vê e a tudo permite. Portanto, tudo o que sofremos, com certeza é por merecimento. Veja que Jesus quando praticava curas, ao final sem predizia às pessoas: “Vá e não peques mais”. Com isso, Jesus já alertava que tudo o que a pessoa tinha, era por merecimento, ou seja, tinha dado abertura para que tal mal a acometesse.

Sabemos que existem “demônios” e que são poderosos, mas estão assentados em poderes vibratórios negativos e comandam forças negativas criadas por condição da mente humana, e quem cair nesses reinos, está em consonância vibratória com os mesmos. É simples: a cada um, segundo seu merecimento.

“A semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória, e quem colhe é Deus Pai Todo Poderoso” – disse Jesus.

Agora, acreditar que esses “demônios” estão em luta constante contra Deus, e que estão atuando em nossas vidas por vingança particular, ou querem minha alma imortal, é outra ignorância das leis imutáveis que regem todo o universo. Sabemos da existência de magias negras e feitiçarias, mas essas somente atuarão de forma negativa na vida de alguém, se esse estiver vi vendo totalmente em desacordo com as Leis de Deus.

Uma coisa grave observada por nós durante todos esses anos, é a proliferação de “videntes” que por toma lá qualquer coisa, rapidinho vêem aura até em poste na rua. Que absurdo. A vidência é um dom paranormal natural e não tem como desenvolvê-la. Agora, existe muita gente tresloucada e com uma imaginação fértil, se dizendo vidente, e por qualquer coisa, rapidinho dizem estar vendo demandas, espíritos do mal, luzes prá tudo quanto é lado, espíritos com vestimentas exuberantes, fadas, gnomos, demônios horrorendos e por ai afora. Quanta ingenuidade (ou maldade né?). E por essas e outras, acabam por influência de outros, enxergando o que não existe, ou seja: enxergando somente o que suas mentes ou as mentes de outros concebem como verdade. É por isso que prolifera tanta crença na demanda e feitiçarias, todas, invariavelmente “vistas” por um desses falsos videntes.

Então vejam que neste momento, através de mentes desequilibradas, maldosas, muitos que se dizem videntes, se utilizam de um falso dom, para denegrir, atormentar e criar falsas verdades em cima de inocentes, fazendo com que as pessoas que também são desequilibradas se voltem contra os inocentes, criando rancores, ódios e pensamentos destrutivos.

Nessa hora eu pergunto: Onde estão os verdadeiros Guias Espirituais que estas pessoas dizem ter, que não as alertam do erro? Mistério.

Se Guias Espirituais verdadeiros vissem algo patente, imediatamente iriam procurar um meio de desfazer o mal feito, mas com certeza, sem alardear o tal fato e muito menos “fofocar” para não trazerem ódios, desforras e nem pensamentos ruins.

Cuidado. “Guias espirituais” que somente ficam verbalizando demandas, magias negras, fofocas, com certeza são quiumbas, ou também pode ser puro animismo, onde a mente doentia do “médium” entra em ação.

Os quiumbas costumam convencer as pessoas de que são portadoras de magias negras, olhos gordos, invejas, etc. inexistentes, sempre dando nome aos bois, ou seja, identificando o feitor da magia negra, geralmente um inocente, para que a pessoa fique com raiva ou ódio, e faça um contra feitiço, a fim de pretender atingir o inocente para derrubá-lo. Agindo assim, matam dois coelhos com uma cajadada só: afundam ainda mais o consulente incauto que irá criar uma condição de antipatia pelo pretenso feitor da magia, e pelo inocente que pretendem prejudicar.

É chegada a hora de pararmos com essas atitudes negativas contra nós mesmos e contra as pessoas que nos procuram e procurarmos cultivar nas pessoas que elas estão em um Templo religioso a fim de se reencontrarem com Deus e consigo mesma, e a fim de se reequilibrarem para seguirem felizes e em paz suas vidas. Devemos incitar o amor, o perdão, a bondade, a união, a fraternidade e a benevolência.

É só analisarmos com atenção e chegaremos à conclusão que se todos os espíritos, ou seres humanos, fossem portadores de dons sobrenaturais poderosos e tivessem liberdade irrestrita para realizarem o que bem entendessem, o mundo viraria uma ba¬gunça. Afinal, você, e só você tem o direito do livre arbítrio em sua vida. Jamais outra pessoa tem o direito de mexer em nosso livre arbítrio, a não ser que permitamos.

Onde estaria Deus em tudo isso? Onde estão os Guias Espirituais em tudo isso? Onde estão os Sagrados Orixás em tudo isso?

É triste observarmos médiuns acreditando tão somente em forças destrutivas presentes em suas vidas.

Vamos falar mais em Deus. Vamos incitar mais o amor e o perdão. Vamos estudar e vivenciar mais o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, do que querer aprender contra-magias. Vamos pregar a imortalidade da alma, e que existe paz e união entre todos.

O mal existe, mas não vamos dar o devido crédito a ele. O olho gordo existe, mas não vamos dar o devido crédito a ele.

Nós não somos a imagem e semelhança de Deus, mas sim, a presença viva do Deus vivo em nossas vidas. Jesus disse: “Sois Deuses. Podeis fazer tudo o que fiz, e até mais”. - “Pedi e obtereis”. - “Orai e vigiai, para não cairdes em tentação”. - “Tudo é possível, àquele que crê”.

Quando um irmão nos procura e diagnosticamos uma presença espiritual negativa junto dele, devemos pro ceder à retirada dessa energia/espírito negativa e bem orientar a esse irmão, que essa aproximação deveu-se a uma simbiose de pensamento e atitudes, e não a uma perseguição gratuita.

Não podemos criar em nossas mentes que nossos Templos são alvos constantes de “demandas”, pois estaremos dando vazão à credibilidade excessiva de nossas mentes doentias, e a nossa mente acaba absorvendo esse conceito criado pelo nosso inconsciente.

Deus não é injusto. Deus a tudo observa, e a tudo permite. Portanto, nós merecemos o que estamos recebendo.

Deus se manifesta na Terra, através de toda a Natureza, mas se materializa e se comunica através do nosso espírito imortal, da nossa mente e do nosso coração.

Assim também o mal se materializa através da nossa mente e do nosso coração.

Por isso, vamos nos educar, vamos nos evangelizar, vamos seguir fielmente os conselhos de nossos Guias Espirituais e transformar nossas vidas em bênçãos.

Vamos criar em nossas mentes positivismo e cuidar bem de nossa saúde mental e física.
Não vamos dar crédito somente à negatividade, mas sim, criar em nossas vidas e em nossos Templos um clima de paz, amor e alegria, pois estaremos realizando a verdadeira missão da Umbanda, que é a libertação do homem.
Texto extraído do livro: O ABC do Servidor Umbandista no prelo – autoria: Pai Juruá

Publicado no Jornal de Umbanda Carismática - JUCA

sábado, 15 de janeiro de 2011

Exercicio para ativar o Chakra Frontal

Liberando os Chakras 1

Limpeza da Aura

Equilibrar Chakras en 3 Minutos

Apometria - Parte 1 de 7 - Faiçal Baracat

Curso de Apometria - capítulo: 1/10 - www.centroecumenicoramatis.com.br

A responsabilidade paterna